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Congresso ABES confirmado em Brasília


Conselho da ABEs homologou por unanimidade o nome de Brasília para sediar a 33ª edição do CBESA

Após intensas articulações técnicas e políticas, capitaneadas pelo ex-presidente da ABES/DF, Sérgio Gonçalves, para trazer para Brasília o 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que ocorrerá em 2025, o Conselho Diretor Nacional da ABES homologou por unanimidade essa decisão na reunião do dia 22 de junho.

Sérgio Gonçalves e Heliana Kátia fizeram a defesa da importância de uma edição do Congresso na capital Federal para fortalecer a luta pela ampliação dos serviços aos sem saneamento.

Aprovada a cidade sede, cabe agora à ABES/DF dar início à fase de mobilização e planejamento. Não é tarefa fácil realizar evento de tal porte e será feita uma grande mobilização para que ele aconteça da melhor maneira possível. Essa é, portanto, a tarefa prioritária da gestão da nova presidenta Kátia Campos, que pretende envolver toda a diretoria e associados nesse esforço. “É desse jeito que sei trabalhar”, brinca, enquanto afirma que o CBESA de 2025 deve ter seu esforço voltado para a universalização do atendimento dos serviços de saneamento básico, que é um direito humano de todos os cidadãos. “Temos que incorporar nas discussões a população que não conta com esse direito”, diz.

Para Kátia, o prazo de universalização desse direito vem sendo postergado há décadas porque o próprio usuário não atendido pelo saneamento não está sendo envolvido na definição das políticas e do investimento do setor. “Imagine se quem dirige a Secretaria Nacional de Saneamento proporia a universalização para 2030 ou 2050 se essa pessoa vivesse em uma área não atendida pelos serviços de saneamento? Ela aguardaria anos sem ser atendida por uma rede de abastecimento de água? Isso jamais aconteceria.”

No entendimento de Kátia, os sem saneamento deveriam protagonizar esta luta, que na realidade é discutida pelos sindicatos dos servidores públicos das companhias de saneamento, pelos intelectuais, acadêmicos, pelas ONGs, empresas privadas, pessoas que na realidade já têm acesso a esses serviços. “Precisamos estar juntos das populações que vivem nas periferias sem serviços de saneamento, dialogar com essas pessoas sobre os seus direitos, as políticas públicas que interferem neste atendimento e até capacitá-las para o debate. Assim seria mais visível o problema para quem define as políticas a distância do sofrimento e dos impactos na vida, na saúde pública, na harmonia e na felicidade destas pessoas.”

Kátia entende que o protagonismo deve ser dado a quem tem o direito, conhece o problema e tem os instrumentos de luta para o setor avançar na universalização do saneamento indistintamente para todos. “Essa situação só vai mudar com a luta de quem sofre a ausência do saneamento”, afirma.


Um legado para Brasília

Além da carta que será aprovada no Congresso, outro importante desafio é deixar um legado para Brasília. Uma maior aproximação e articulação da academia - UnB e as universidades privadas, com os órgãos responsáveis pelos serviços de saneamento (Secretaria de Obras, de Meio Ambiente e de Saúde, Novacap, Caesb, SLU) e da ABES com as organizações sociais podem contribuir para acelerar o processo de cobertura dos serviços. “A Capital Federal do Brasil precisa ser uma referência no Saneamento Básico no Brasil,” diz Kátia.


Um pouco de história

As três primeiras edições do CBESA, no início da década dos anos 1960, foram organizadas pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS). Criada em 1966, a ABES, assumiu sua realização daí para frente. Brasília sediou a quarta edição, em 1967 e só volta a realizar o evento 58 anos depois, uma prova de como o maior encontro de saneamento da América do Sul é cobiçado pelos estados. Com edições a cada dois anos, já são mais de seis décadas de Congresso, que reúne especialistas, pesquisadores, profissionais dos setores públicos e privados e estudantes para debater alternativas para vencer o desafio da universalização do saneamento, pauta que tem sido a mais recorrente na história do CBESA.


Sérgio Conçalves com Fátima Có, do CREA/DF

Articulação e negociação

A ABES tem regimento interno próprio só para realizar o congresso e quem se candidata precisa cumprir uma série de exigências, como demonstrar capacidade de hotelaria, facilidade de voos, disponibilidade de espaço de realização com número suficiente de salas de apresentação e espaço para a feira de tecnologia, que é um dos destaques do congresso. Além de participar de uma disputa muito grande.

Que o diga Sérgio Gonçalves, que levou a frente essa luta, iniciada pelos dirigentes anteriores Maria Geraldina, Sergio Cotrim, Marcos Montenegro e João Marcos. Ele e a diretoria se empenharam para consolidar o nome de Brasília já em Curitiba, onde ocorreu a edição de 2021, obtendo o apoio de todas as seções regionais em torno do nome de Brasília. Um dos movimentos foi apoiar o nome de Belo Horizonte para sediar a edição de 2023, para contar com o aval mineiro na sequência. “Além de apoiar BH, conversamos com todos os presidentes para construir o consenso e articulamos com São Paulo, que também pretendia sediar o Congresso em 2025, para ficar como sede alternativa”, lembra Sérgio.

Mas não foi só isso. Como o nome da cidade que irá sediar cada edição precisa ser votado e aprovado pelo Conselho Diretor Nacional da ABES, houve uma grande movimentação em Brasília para estabelecer parcerias e obter apoios institucionais. Para esse trabalho, a ABES/DF contou com a ajuda essencial da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, a Caesb, da Secretaria de Turismo e de outros órgãos públicos e privados. Pedro Cardoso, presidente da Caesb, e a secretária geral Grazielle Borges, a ex-secretária de Turismo, Vanessa Mendonça e sua assessora Keila Rocha, entre diversos outros, se empenharam na mobilização do governo e de instituições para apoiar o pleito da ABES/DF. A Secretaria de Turismo - Setur elaborou uma bela e completa apresentação sobre as ótimas condições da capital Federal para sediar o evento, que foi encaminhada ao Conselho Diretor Nacional da ABES, junto com nada menos do que 16 cartas defendendo o nome de Brasília, a começar pela declaração de apoio do governador do DF, Ibaneis Rocha.

Além da Caesb e Setur, também avalizaram por carta a realização do CBESA em Brasília o Convention and Visitors Bureau de Brasília, a Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional, o CREA/DF, o Clube de Engenharia de Brasília, o Centro de Excelência em Turismo da UNB, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do DF, a Associação Brasileira das Agências de Turismo Receptivo, a Associação Brasileira de Agências de Viagem do DF, a Federação das Indústrias do DF, o Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do DF, o Fórum das Instituições de Ensino Superior do DF, o Sindicato das Empresas de Turismo no DF e a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento.

Sérgio Gonçalves lembra que o trabalho está apenas começando. “Temos que montar uma comissão ampla desde agora, é um trabalho grande. Já no ano que vem temos que ter stand no Congresso de BH e realizar a festa para divulgar o lançamento de Brasília como a próxima sede, festa que é a mais concorrida em todos os congressos”, aponta.


Conteúdo

Além de ser uma oportunidade para encontros profissionais e de apresentação de uma grande quantidade de trabalhos técnicos, o Congresso da ABES tem uma pauta política institucional forte, centralizando o debate sobre a questão do saneamento no país. Entram em discussão as políticas públicas para o abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, educação ambiental, legislação, financiamento, perspectivas e desafios para a universalização dos serviços. E, paralelamente, acontece a Feira Internacional de Tecnologias em Saneamento, mobilizando empresas, fornecedores e clientes do Brasil e do exterior. Como lembra Sérgio, o CBESA é um espelho importante dos debates sobre saneamento no Brasil: “o evento movimenta uma quantidade enorme de pessoas, move a economia local, turismo, hotel, restaurantes, as maiores autoridades do país e internacionais se deslocam para participar”.


Curitiba

A ABES Paraná enfrentou o desafio de realizar a 32ª edição do Congresso, no formato híbrido, em meio à pandemia da Covid-19. Luiz Henrique Bucco, presidente da ABES Paraná na época, lembra que até 15 dias antes não sabiam se teriam público por causa das restrições impostas pela pandemia. “Houve liberação a tempo e tivemos 1.500 pessoas participando presencialmente e mais de 2.500 online”, lembra. O CBESA de Curitiba ofereceu mais de 30 mesas redondas, apresentação de mais de 1.800 trabalhos técnicos e uma feira de Tecnologia em saneamento ocupando uma área de 10 mil m2. O tema foi “Cidades inteligentes conectadas com o saneamento e o meio ambiente: Desafio dos novos tempos”. O Congresso chamou a tenção para a importância de se contemplar o saneamento ao se pensar as cidades inteligentes. “Não pode ser apenas aspectos tecnológicos. Se não tivermos ambiente saudável, como chamar de inteligente?” pontua Luiz Bucco, que deseja à ABES/DF todo o sucesso na realização da edição de 2025.


Belo Horizonte

Tudo isso está na ordem do dia na ABES/MG, que vai realizar a 32ª edição de 21 a 24 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte. A estimativa é de 4 mil participantes, tanto presencial como de forma remota. “Estamos no processo de fazer acontecer, indo atrás das empresas que possam participar da feira, fazendo encontros com professores e referências em universidades diversas no país, pensando formas de motivar alunos e professores a inscrever trabalhos técnicos, um trabalho que ainda vai ampliar”, relata Flávia Mourão, presidenta da ABES/MG, que se empenha para ter número grande de inscritos, mas preocupa-se principalmente em ampliar a qualidade do evento.

A ABES /MG também está buscando recursos para reduzir o custo da participação individual e firmando parcerias com revistas e publicações científicas para apoiar o Congresso, que debaterá o que está acontecendo após as mudanças do novo marco legal do saneamento, com a Lei 14.026/2020. “Depois de três anos de aprovação da lei, já há bagagem boa para fazer avaliação, o que funcionou, o que não funcionou e o que está um pouco atrás. O Congresso vai reunir atores que podem fazer essa proposição, orientando nosso posicionamento político em relação ao Congresso Nacional, ao Governo Federal e aos governos regionais”, explica Flávia.

A exemplo da edição de Curitiba, o congresso em BH também será no formato híbrido, mesclando atividades presenciais e remotas. Brasília, certamente, vai seguir o mesmo caminho. “Em um país com as dimensões do Brasil, o formato híbrido é fundamental para permitir a participação de inúmeras pessoas que têm interesse mas não podem se deslocar até a sede. A versão hibrida foi uma das maiores conquistas do Congresso de Curitiba para tornar as discussões mais abrangentes”, avalia Kátia Campos, que também sonha com um congresso mais popular, com a presença de quem ainda não tem acesso ao direito ao saneamento. “Tenho o sentimento de chegou momento de a ABES abrir seu leque de atuação para atividade da maior relevância, que é contribuir para a construção da cidadania, porque a luta pelo saneamento está afastada de quem não tem o serviço”, conclui.

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